Anotações importantes para quem vivencia experiências de morte na família:
A vontade de "parar o tempo" e a sensação de que "a vida acabou" são comuns ao momento da perda. Tristeza, culpa, dor, sensação de vazio, e muitos outros sentimentos vêm à tona, e precisam ser vivenciados. O processo de luto leva tempo, e a reorganização pessoal e familiar se dá lentamente, sem fórmulas mágicas.
A procura por auxílio profissional é importante no processo de aceitação da perda. Falar sobre a dor com alguém de fora da família é benéfico, e serve como uma espécie de ritual para aliviar o sofrimento.
Os rituais de luto são uma importante maneira de elaborar a perda, facilitando a expressão da dor. Isto também vale para as crianças, que devem ser autorizadas a participar de tudo o que queiram.
Na medida do possível, voltar à rotina aos poucos ajudará a restabelecer as atividades do cotidiano – escola, trabalho, convívio social. Apesar do impacto inicial, que desestabiliza o sistema, tais atividades não devem ser paralisadas por tempo prolongado.
Falar sobre a morte e chorar sempre que tiver vontade ajuda. "Engolir o choro" ou "ser forte" neste momento não ajuda muito. O luto é elaborado na medida em que se entra em contato com a dor.
Fazer visitas ao cemitério, escrever cartas, ver fotografias, são atitudes que podem contribuir para uma maior assimilação da perda. Muitas vezes é necessário que haja um tempo de readaptação até ser possível realizar tais atos.
O sentimento de culpa é muito comum em casos de suicídio ou acidentes. Há uma forte sensação de que se poderia ter feito algo para evitar (fantasia de onipotência). Esse pensamento impede que se viva a realidade da perda. A culpa é, em certa medida, uma forma de fugir da dor.
Respeitar os limites pessoais no processo de luto. Cada pessoa é diferente, e possui maneiras e recursos diferentes para lidar com a dor. O tempo de cada um também é diferente.
Envolvimento em novas atividades. Alguns se aproximam da religião, outros envolvem-se em causas, ou dedicam-se ao esporte ou atividades artísticas. Desde que isto não seja apenas uma fuga para negar a dor, pode ser bastante benéfico para não ficar paralisado por ela.
É importante não esconder as circunstâncias ou causas da morte, às vezes envolvidas por tabus e preconceitos. Quando há segredos, as pessoas, além de criar explicações fantasiosas sobre a perda, correm o risco de repetir a história e entrar numa ciranda de perdas sucessivas.
Assistir filmes ou ler livros que tratam do tema da morte também pode ajudar no processo de assimilação.
É importante questionar o impulso de realizar mudanças bruscas imediatas, como mudança de casa ou de cidade. As mudanças que o episódio da morte traz à família já são, em si, difíceis. É preferível, na maioria dos casos, esperar passar um tempo para decisões importantes que envolvam outras perdas.
É importante ficar atento para não esquecer ou rejeitar os familiares ainda vivos (outros filhos, por exemplo). Muitas vezes frases do tipo "não tenho mais razão pra viver" não permitem que se perceba a existência e continuidade da vida dos que estão vivos.
A primeira parte do artigo está aqui.
Olá David.Estive lendo teu blog e ao entrar por aqui me deu vontade de te perguntar-recomendar o livro Paula da Izabel Allende. Não terminei de ler ainda, mas é um bom e emocionante livro. Foi a forma da mãe elaborar a morte da filha e acho que ajuda outras pessoas também.Até breve. Bia( a da UFSC)
Oi Bia. Valeu pela sugestão. Abração, jd