Num momento de crise financeira, em que se discute a necessidade e extensão de mecanismos de controle sobre os mercados financeiros, talvez seja necessário também abrir a discussão sobre os possíveis mecanismos de auto-regulação dos meios de comunicação de massa no que diz respeito à divulgação desses crimes. Algo como existe no campo da publicidade e propaganda e nas indicações de faixas etárias para os programas de televisão. Ou teremos que aguardar que a sociedade se auto-eduque para não se deixar fisgar pelos apelos do jornalismo barato e sensacionalista, praticado mesmo pelos canais de TV com maior penetração e com maior poder de formar opinião.
O texto na íntegra você lê aqui.
Aqui vai uma foto com um trechinho:
Uma sinopse tirada da internet:
O trabalho científico de Leonardo era praticamente desconhecido ao longo de sua vida. Agora Fritjof Capra, o aclamado cientista e autor de O Tao da Física e O Ponto de Mutação, revela que Leonardo foi, em muito sentidos, o verdadeiro pai da ciência moderna. Com base no exame das mais de seis mil páginas que restam dos cadernos de anotações de Leonardo, Capra explica que esse homem notável abordou o conhecimento científico com olhos de artista. Em seus estudos das formas vivas e inanimadas, que abrangem desde a arquitetura e a anatomia humana até a turbulência da água e do padrão de crescimento das gramas, ele desenvolveu sozinho uma nova abordagem empírica da ciência, que compreendia a observação sistemática da natureza - o que é hoje conhecido por método científico.
As explicações científicas de Leonardo têm um alcance extraordinariamente abrangente. Ele usou seus poderes de observação e sua intuição privilegiada para experimentar novas técnicas que prenunciavam ramos da ciência que só seriam desenvolvidos séculos depois. Valeu-se do seu conhecimento de mecânica, alavancas, trajetórias e transmissão de forças para projetar incontáveis máquinas e dispositivos, que implicavam não raro inovações que estavam muito à frente de seu tempo. Estudou os padrões do vôo dos pássaros para inventar algumas das primeiras máquinas voadoras. Estudou óptica, a natureza da luz e da perspectiva, os complicados detalhes do movimento humano, a circulação do sangue no coração e na aorta. Descreveu os processos vitais do feto no ventre com detalhes impressionantes. Como em tantos outros campos, Leonardo também foi muito além de seus colegas em sua reflexão científica, estabelecendo-se como o primeiro grande teórico da botânica. Graças ao seu vasto conhecimento de engenharia hidráulica e de construções urbanas, criou projetos de reconstrução de cidades com base em princípios de saneamento e saúde pública que só seriam valorizados séculos depois. Séculos à frente do seu tempo, Leonardo continua a ter uma influência extraordinária sobre o pensamento científico da atualidade.
Seria difícil conceber castigo mais demoníaco, pudesse uma tal coisa ser posta em prática, do que abandonar uma pessoa à deriva na sociedade por forma a passar despercebida a todos os seus membros. Se ninguém se voltasse para nós ao ver-nos entrar em casa, se ninguém nos respondesse quando nós falássemos, ou se preocupasse com o que fizéssemos, mas se toda a gente que conhecêssemos nos «desligasse do mundo» e agisse como se fôssemos entidades inexistentes, não tardaríamos a ser tomados de uma espécie de desespero de raiva e impotência, de que a mais cruel das torturas corporais seria um alívio.William James (1842-1910), filósofo e psicólogo
Como contar a nossa história?
Para poder mudar, o que é melhor: procurar a origem dos problemas dentro ou fora de nós?
Um indivíduo, aflito por não encontrar ninguém com quem tocar a vida, consulta um psicoterapeuta. O que pode fazer o terapeuta?
Nos anos 70, conheci um colega que abandonara sua prática para fundar uma agência matrimonial.
Ele estava tão preocupado em curar as dores da solidão urbana que distribuía seus horários de maneira a produzir encontros "acidentais", em sua sala de espera, entre pacientes que lhe pareciam "compatíveis". No fim, ele decidiu que tinha mais vocação casamenteira que terapêutica.
Provavelmente, meu colega se importava tanto com a felicidade amorosa dos outros porque, quando criança, ele não tinha sido razão suficiente para que seus pais continuassem se amando. Igual, o fato é que, mudando de profissão, ele conseguiu fazer algo interessante com seu sintoma -o que já é bom.
Seja como for, quando comecei minha formação de terapeuta, ensinaram-me que, antes de mais nada, era preciso que os pacientes "subjectivassem" seu problema. Ou seja, dito em palavras menos bárbaras, para que o trabalho terapêutico fosse eficiente, a gente deveria primeiro fazer com que os pacientes se convencessem de que suas dificuldades eram, ao menos em parte, internas. Portanto, um paciente que se queixasse de não encontrar companhia deveria ser encorajado a "internalizar" seu problema, ou seja, a contar sua história questionando o que haveria de "errado" NELE (falta de disponibilidade, avareza ao se entregar, covardia do desejo etc.). Aí, poderíamos ajudá-lo a mudar. "Internalizar" (e não fundar uma agência matrimonial) era, em suma, a atitude certa.
Outro exemplo, oposto. Um paciente consulta um terapeuta porque ele sofre de "depressão" ou de "déficit de atenção" - assim lhe foi dito pelo profissional que diagnosticou a doença e prescreveu a medicação. O dito paciente fala de "sua doença" como se ela fosse um atributo de seu ser, um traço defeituoso de sua identidade. Com isso, ele mal vai conseguir contar seus percalços: se o problema é tão intimamente ligado ao que ele é, que diferença sua história pode fazer? Dessa vez, a atitude certa não seria ajudá-lo a procurar as origens de "sua doença" FORA de sua identidade, ou seja, a "externalizar" sua doença?
Nos anos 1990, li "Narrative Means to Therapeutic Ends" (meios narrativos para fins terapêuticos -ed. Norton), de David Epston e Michael White, terapeutas australianos. A obra me fez uma forte impressão, reavivada, nestes dias, pela notícia da morte de Michael White, aos 59 anos, e pela leitura do livro que ele publicou em 2007, "Maps of Narrative Practice" (mapas da prática narrativa - ed. Norton). Detalhe: há outro Michael White, escritor de romances e história da ciência - ele não morreu.
Epston e White eram convencidos de que a possibilidade de mudar nossa vida depende de nossa maneira de contá-la. Também, eles eram leitores cuidadosos de Michel Foucault e pensavam que tudo o que contribui à criação de uma identidade fixa é opressivo e repressivo. Uma estratégia narrativa e terapêutica que eles propunham consistia em evitar que o paciente considerasse sua doença ou seu problema como parte de sua identidade. Eles preferiam sempre levar o paciente a "externalizar", ou seja, a narrar suas dificuldades como se fossem externas, percalços ou ataques vindos de fora.
Aviso: antes de discordar deles, é bom ler os exemplos clínicos em que, em seu último livro, White leva uma criança (e os pais da mesma) a narrar sua batalha contra a Senhora Encopresia, que suja as cuecas e os lençóis, o Senhor Déficit, que impede de estudar, etc., como se fossem bruxas ou elfos do mal.
Então: para mudar, é melhor "externalizar" nossos problemas, com o risco de descuidar das dinâmicas íntimas que nos governam, ou é melhor "internalizá-los", com o risco de hipertrofiar nossa identidade? Não sei, depende.
Mas, sei que, por exemplo, nas eleições presidenciais nos EUA, muito além das questões que serão debatidas (a guerra, a economia, o sistema de saúde), a aposta é esta: será que os eleitores conseguirão pensar sua história (nacional e privada) como sugerem Epston e White? Será que saberão narrá-la como a história de uma comunidade de indivíduos, brancos, negros e latinos, que se chocaram e detestaram em mil ocasiões, mas não por isso concebem seu destino como conseqüência de identidades fixas e opostas?
FONTE: http://contardocalligaris.blogspot.com